terça-feira, 15 de maio de 2012

Multiculturalismo?




Daniel Lucas Pereira de Assis Pacheco

 O texto escrito por Andrea Sigler,membro da CIMPA¹, inicia-se e termina com uma máxima: “I am opposed to ‘multiculturalism’ and ‘diversity’ as it is presently practiced”². A autora não se mostra contrária aos termos multiculturalismo e diversidade, mas sim ao modo como têm sido  relacionados a práticas socias discriminatórias que envolvem as mesmas premissas que o racismo, de que as ideias de um indivíduo são determinadas por sua raça e que a fonte de identidade de alguém é sua herança étnica. Percebe-se que realmente é de se esperar que a identidade de alguém seja moldada especialmente pela cultura na qual essa pessoa está inserida, porém acreditar que a cor, raça e etnia são fatores determinantes na formação de caráter é sinal de certo tom de racismo e ignorância.
 Andrea considera as organizações  minoritárias como processos naturais, pois como uma criatura social, o ser humano busca o conforto de estar entre indivíduos que se identificam com ideais e valores culturais semelhantes.  Por isso, viver em uma comunidade culturalmente heterogênea é complexo e gera conflitos. A autora argumenta que é natural e intrínseco ao homem buscar pessoas relacionadas a si próprio. Sendo assim, grupos minoritários são refúgios para as pessoas em comunidades mistas. Porém, ela ressalta que a grande problemática está no modo como minorias são tratadas pela maioria, estes tratam aqueles como cidadãos de segunda classe.
 Embora a autora não discorra especificamente sobre o Brasil, a discussão dessa temática é pertinente ao contexto social brasileiro contemporâneo. Atualmente, discute-se sobre as cotas raciais nas universidades, o que tem sido interpretado por muitos como uma forma de reforçar o racismo. Andrea Sigler assegura que é injusto receber vantagens por meio da cor de sua pele para ingressar em uma universidade, sugerindo que os critérios devem avaliar as habilidades e potencialidades do indivíduo. A solução não está em facilitar a entrada de minorias em uma universidade, mas sim em criar meios que possibilitem a todas as pessoas se capacitarem e competirem igualmente por seu espaço, independentemente da etnia, raça ou cultura, seja em uma instituição acadêmica, seja no mercado de trabalho.
     A autora conclui que o erro está na concepção do multiculturalismo e diversidade. Nos dias de hoje, reforçam-se as diferenças e, consequentemente, separam as pessoas, classificando-as por características físicas e não por méritos individuais.

¹ Connected International Meeting Professionals Association

²Tradução minha: “Me oponho ao modo como o multiculturalismo e diversidade são praticados hoje”.

Referências

    
SIGLER, Andrea. On diversity and multiculturalism. In:CIMPA, 2012. Disponível  em: http://www.cimpa.org/diversity.htm# Acessado em 09/03/2012 às 12:00.

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1465-7295.1983.tb00650.x/abstract

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